Criativity

domingo, maio 21, 2006

Cântico negro

"Vem por aqui" — dizem-me alguns com os olhos doces
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: "vem por aqui!"
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali...
A minha glória é esta:
Criar desumanidades!
Não acompanhar ninguém.
— Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre à minha mãe
Não, não vou por aí! Só vou por onde
Me levam meus próprios passos...
Se ao que busco saber nenhum de vós responde
Por que me repetis: "vem por aqui!"?

Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí...Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.

Como, pois, sereis vós
Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?...
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos...

Ide! Tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátria, tendes tetos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios...
Eu tenho a minha Loucura !
Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...
Deus e o Diabo é que guiam, mais ninguém!
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.

Ah, que ninguém me dê piedosas intenções,
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: "vem por aqui"!
A minha vida é um vendaval que se soltou,
É uma onda que se alevantou,
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou
Sei que não vou por aí!

José Régio

quarta-feira, maio 17, 2006

"No analyst could ever take me lying down."


Salvadore DALI, fotografia de Philippe Halsman, USA, 1954

"No analyst could ever take me lying down."

quinta-feira, maio 11, 2006

Agência Matrimonial hi5, um sucesso!

hi5, mas o que é isso?
Eu estou "inscrito" no hi5 há um bom tempo, 2 ou 3 anos, mas continuo sem saber explicar às outras pessoas o que é verdadeiramente o hi5. Sinto-me ridículo.

No fundo, o hi5 não passa de uma agência matrimonial disfarçada. Há um pequeno ficheiro com fotografias nossas, os nossos dados pessoais, os nossos gostos (livros, filmes, se fumamos, bebemos...) e estamos integrados numa rede de milhares de pessoas, formada pelos nossos amigos, os amigos deles, os amigos dos amigos dos amigos dos amigos, que podem ver o nosso profile, comentar, adicionar... cuscar!
No hi5 tenho oficialmente 157 friends mas, no fim de contas, quantos deles é que são, realmente, meus friends? Quase todos, mas também há alguns que não passam de "conhecidos". "Amigos" e "conhecidos" é a mesma coisa, para muitas pessoas, mas para mim não. A maioria das pessoas adiciona "aquela rapariga gira, que é amiga da prima-torta da Madalena" e "aquele rapaz super-porreiro que é do Amor de Deus", só porque gostou do seu profile. Há pessoas com uma lista de mais de 5 mil friends, e centenas de testimonials a dizer, de maneira apaixonada, o quanto elas "estão giras na fotografia em bikini, tirada na praia de Monte Gordo" (um CLÁSSICO do hi5). Mas o que é isto??
Mas que sociedade é esta, em que os jovens (e não só!) se conhecem porque gostaram das fotografias do hi5?
Pior, descobri há pouco tempo que o hi5 tem uma secção chamada Browse (ver fotografia abaixo), para procurar pessoas segundo o sexo, a idade, o país e a fotografia. Não tenho razão? É, ou não é uma agência matrimonial?
Já fui adicionado por bastantes pessoas que eu não conhecia de lado nenhum. Bloqueei, claro. Porque razão, iria permitir que uma pessoa que eu não conheço de lado nenhum, estivesse presente na lista dos meus friends? Pleeeeease! Inclusive, já recebi uma message de um gay, que queria que eu lhe mandasse mails, devido aos meus (alegados) "olhos fantásticos"! Urgh!!!
No entanto, o hi5 também tem vantagens. Já "encontrei", através de horas perdidas a navegar naquela base de dados gigante, pessoas que não via desde a primária. Restabeleci o contacto com muita gente, o que é óptimo.
Outra vantagem é podermos facilmente manter contacto com uma pessoa que nos foi apresentada apressadamente ontem, ou no mês passado. Basta procurá-la, adicioná-la e mandar-lhe mensagens dizendo o nosso mail, número de telemóvel... uma facilidade.
Resumindo, a questão é: estar presente no hi5 terá mais vantagens ou desvantagens para mim?
Por enquanto vou deixar estar, até porque me protejo, mas aqui fica mais um assunto pendente...
Estou desejoso de ouvir e ler comentários acerca deste assunto.
Termino com uma imagem muito sugestiva.

Mais palavras, para quê?

segunda-feira, maio 08, 2006

Batata à MURRO

Primavera: muito romântica para alguns, imagino... mas não para mim!
Alergias são a pior coisa que há. Estou há 24h agarrado a uma (já vou na segunda) caixa de lenços, daquelas grandes do LIDL, muito pirosas, mas muito boas, com 150 lenços! É a minha última conquista. Ao que eu cheguei...
À tarde tive de me vir embora da faculdade, só espirrava (pior!, tinha vontade de espirrar, mas os espirros teimavam em desaparecer em pleno CLÍMAX de cada espirro!), tinha o nariz vermelho, a pingar constantemente e não parava de chorar. "Tinha" e tenho. Devia estar com um aspecto mesmo deprimente, todos olhavam para mim preocupados, achando que tinha apanhado o maior desgosto da minha vida... Não consegui trabalhar.
Porquê? Porquê eu?
Eu sei, eu sei! há pessoas com alergias bem piores, eu tenho exemplos na minha família mais chegada mas, de qualquer maneira, isto é uma PRAGA!
A Primavera pode ser muito bonita e romântica para alguns, mas para mim é um mega PESADELO ANUAL, que nunca vai terminar...
"Ai, as flores, os dias bonitos, as hormonas aos saltos, as FLORES" (!).
Ninguém pensa no PÓLEN, no VENTO!
Tenho o nariz a cair aos bocados.
O meu nariz está uma verdadeira batata 'à murro'.

domingo, maio 07, 2006

MGZNcinema V

MGZNcinema V

Mission: Impossible III - Missão Impossível 3


Realização: J. J Abrams Intérpretes: Tom Cruise, Philip Seymour Hoffman, Ving Rhames, Laurence Fishburne, Billy Crudup, Michelle Monaghan, Jonathan Rhys-Meyers, Keri Russell, Maggie Q, Simon Pegg Nacionalidade: E.U.A., 2006

Anos após os acontecimentos de «Missão: Impossível 2», o Agente Especial Ethan Hunt (Tom Cruise) é convencido a regressar ao terreno quando Linsey Ferris (Keri Russell), uma antiga recruta que foi sua aluna, é capturada pelo terrível Owen Davian (Philip Seymour Hoffman). Com a sua equipa, Hunt persegue Davian, mas a parada sobre quando este rapta a sua esposa.
Primeira longa-metragem de J.J. Abrams, criador de «Perdidos» («Lost») e «A Vingadora» («Alias»).
in cinema2000.pt

É óbvio que não é um obra-prima da história do cinema mas, para o tipo de filme, está muito bom.
Um filme muito imprevisível, exepto no fim (é óbvio que Hunt vai ressuscitar...).
Tom Cruise tem um desempenho credível, no meio das impossibilidades, o que é uma vitória. O realizador, habituado ainda à relização em televisão, tem uma maneira de captar e montar as imagens de modo um pouco... "televisivo", o que é um ponto a favor do filme, pois é um filme com muita acção. Em relação ao romance, que se tem tornado um cliché neste tipo de filmes, aqui não é explorado a fundo, Tom Cruise e Michelle Monaghan (que tem um desempenho muito bom, como teve em "Kiss Kiss Bang Bang") falam pouco, o romance é explorado pelos olhares e atitudes, tanto de um como do outro, mas não deixa, também, de viver de uma maneira impossível.
Gostei muito do começo do filme em prolepse. O filme começa no clímax da história que abre caminho à exploração dos acontecimentos anteriores que levaram a esse clímax.
Destaco as cenas da ponte e do Vaticano. A cena (impossível) passada no Vaticano está toda ela muito bem feita, os desempenhos da equipa de Cruise e de Philip Seymour Hoffman, a realização, a fotografia e o próprio argumento.
Os "homens de Cruise", Ving Rhames, Jonathan Rhys-Meyers ("Match Point"), Maggie Q, têm todos bons desempenhos, que apesar de serem pequenos, têm sempre o "timing" certo.
Philip Seymour Hoffman ("Capote") é uma mais valia para o filme, pois é o vilão quase perfeito. Sério, misterioso, credível, imprevisível. Brilhante, apesar de ter um papel pequeno.
Toda a fotografia é muito boa. Destaco a vista do cimo do muro Vaticano sobre Roma, a cena final numa vila chinesa e as cenas em Tóquio.

Classificação: 3 ESTRELAS

sexta-feira, maio 05, 2006

Banco Alimentar - é este fim-de-semana!

AO LONGO DE TODO O ANO O BANCO ALIMENTAR AJUDA A PÔR UM PRATO NA MESA DE QUEM MAIS PRECISA.
DIAS 6 E 7 DE MAIO (este fim-de-semana), AJUDE TAMBÉM.
O Banco Alimentar Contra a Fome volta a recolher alimentos no fim-de-semana de 6 e 7 de Maio em 573 estabelecimentos comerciais localizados nas zonas de Lisboa, Porto, Coimbra, Évora, Aveiro, Abrantes, S. Miguel, Setúbal, Cova da Beira e Leiria-Fátima e, pela primeira vez, nas Caldas da Rainha/Óbidos.

A carência é uma constante diária. Há sempre alguém que espera por nós... e por si.

Sabiam que todos os dias mais de 200 mil pessoas são alimentadas graças às duas campanhas anuais de recolha de alimentos feitas pelo Banco Alimentar Contra a Fome?
Não podemos ficar de braços cruzados, não custa muito, basta ir ao supermercado este fim-de-semana.

Para mais informações consultem o site www.bancoalimentar.pt.

quarta-feira, maio 03, 2006

MGZNcinema IV

MGZNcinema IV

The Producers - Os Produtores



"Estamos em 1959 e a Broadway vibra com os maiores nomes do mundo do teatro, mas o produtor Max Bialystock já não é um deles. Um dia, o seu contabilista Leo Bloom acidentalmente comenta com Max que, nos dias que correm, um homem desonesto consegue ganhar mais dinheiro com uma peça que corra mal que com um sucesso. Os dois iniciam a busca do que deverá ser a pior peça alguma vez escrita e decide-se pela "Primavera para Hitler". O passo seguinte é contratar o pior director. Relutantemente Roger De Bris aceita o trabalho, esperando vir a ganhar um Tony. Seguidamente contratam Ulla, uma loura de fazer para o transito, com tanto de sensual como de falta de talento. Falta apenas o dinheiro, que Max consegue junto de centenas de velhinhas ricas de Manhatan desejosas de sexo... Todo parece estar a correr como planeado, mas será mesmo assim?"

Um filme baseado num dos mais aclamados musicais de sempre da Broadway, que por sua vez ja tinha sido baseado no filme de Mel Brooks (The Producers, 1968), com o mesmo nome. No actual, Mel Brooks escreveu o argumento e as canções.
Protagonizado por Nathan Lane (Max) e Matthew Broderick (Leo), os mesmos protagonistas do musical e que, com ele, já tinham sido premiados duas vezes pelos prémios Tony. Também participando no filme, mas como actores secundários, estão Uma Thurman e Will Ferrell.
Dirigido por Susan Stroman, a encenadora do musical (que ganhou o Tony Award para melhor encenador e melhor coreógrafo), que aqui se estreia como realizadora de cinema e produzido por Mel Brooks e Jonathan Sanger.
Nomeado para 4 Globos de Ouro, Melhor Filme - Musical ou Comédia, Melhor Canção Original (Mel Brooks pela canção "There's Nothing Like a Show on Broadway"), Melhor Actor - Musical ou Comédia (Nathan Lane) e Melhor Actor Secundário - Musical ou Comédia (Will Ferrell).

É um filme divertidíssimo, cheio de ironia em relação ao mundo dos bastidores dos musicais da Broadway e, às vezes, um pouco non-sense. Nathan Lane e Matthew Broderick têm desempenhos muito bons. Uma Thurman, tem papel pequeno, mas está irressistível como a sueca Ulla, que mal fala inglês. Will Ferrell está divertido e nada irritante (como tem sido nos seus últimos filmes).
Os cenários estão um espanto e a cena das velhinhas a dançar está demais(!), assim como a cena passada em casa de Roger De Bris!
Classificação: 4 ESTRELAS

segunda-feira, maio 01, 2006

Guggenheim Museum NYC em restauro até 2007

Obras de restauro do Guggenheim terminam no final de 2007

É neste estado que se encontra aquele que, para muitos, é o melhor museu do mundo. No entanto, é por uma boa causa, o exterior do edifício está a ser alvo de um restauro a fundo.
De há um ano para cá, 12 camadas de tinta, aplicadas ao longo dos últimos 46 anos foram removidas e a superfície de betão do edifício foi revelada, permitindo uma análise minuciosa da superfície do edifício e das rachas que se têm vindo a formar quase desde o final da sua construção.
O objectivo neste momento é estudar e reparar as rachas e repintar todo o edifício, assegurando a sua "saúde" a longo prazo.
O final das obras está previsto para o final de 2007, a tempo do 50º aniversário do Museu.
Até lá, o museu continua aberto ao público, com a sua espantosa colecção permanente e com magníficas exposições temporárias, como é costume.
Solomon R. Guggenheim Museum, Nova Iorque, de Frank Lloyd Wright



"Entering into the spirit of this interior, you will discover the best possible atmosphere in which to show fine paintings or listen to music. It is this atmosphere that seems to me most lacking in our art galleries, museums, music halls and theaters."
Frank Lloyd Wright.
"Frank Lloyd Wright", The Architectural Forum, January, 1948, Vol 88 Number 1. p89


"I need a fighter, a lover of space, an agitator, a tester and a wise man. . . . I want a temple of spirit, a monument!" —Hilla Rebay to Frank Lloyd Wright, 1943

O Solomon R. Guggenheim Museum, é um dos mais importantes museus de arte moderna do mundo. Foi projectado por Frank Lloyd Wright para um lote de terreno privilegiado em Manhattan, Nova Iorque, EUA. O museu encontra-se muito perto do grande e famoso Metropolitan Museum of Art, na esquina de duas grandes ruas e está virado para o Central Park.
Wright projectou este museu sob a forma de rampa espiral descendente, com vista a ser mais agradável aos fequentadores do museu apanharem o elevador e descerem gradualmente, podendo sempre voltar atrás, e terminar a descida no rés-do-chão, junto à saída, em vez de percorrer longas galerias e ter de regressar ao início para sair, como acontecia nos outros museus. Guggenheim, adorou a proposta de Wright e apoiou-o incondicionalmente até à sua morte, em 1949.
As paredes do edifício são inclinadas para fora porque, Guggenheim e Wright eram da opinião de que, se as pinturas estivessem ligeiramente inclinadas para trás seriam vistas segundo uma melhor perspectiva e estariam melhor iluminadas.
Este projecto teve início em 1943, mas teve muitos atrasos. Começou realmente a ser construído em 16 de Agosto de 1956 e terminou a 21 de Outubro de 1959, seis meses após a morte de Frank Lloyd Wright.

"I can think of several more desirable places in the world to build his great museum," Wright wrote in 1949 to Arthur Holden, "but we will have to try New York." To Wright, the city was overbuilt, overpopulated, and lacked architectural merit.
www.guggenheim.com