Fim do dia

Cansado, inclino a cabeça para trás e encosto-a no banco.
É tarde, já passa das nove da noite de sexta-feira 13, dia de anos da minha avó. Tenho muitas saudades dela, faz-me muita falta.
Serenamente, abro os olhos e vejo a lua cheia. O comboio curva para a esquerda e para a direita e ela continua sempre ali, alta, branca.
Penso no dia cheio que tive, enquanto através do discman, começo a ouvir a minha música preferida. É um momento só meu, de calma, reflexão.
Subitamente, sinto um vibrar no meu bolso. Recebo uma mensagem escrita de uma pessoa importante. Respondo e volto a fitar a lua. Parece maior do que nos outros dias.
As luzes do Casino Estoril na janela trazem-me de novo à realidade, é a minha estação. Levanto-me. Por mais estranho que pareça, a música acaba. Acaba o momento.
Saio do comboio. Está muito frio. Levanto a gola do casaco. Estilo? Frio?
Sento-me no banco da paragem do autocarro. Com desalento reparo que faltam 20 minutos para o próximo autocarro. Admiro as luzes e a fonte do Casino, que dão cor e vida ao jardim.
Estou cheio de fome e estou a tremer de frio. A minha família já deve estar a jantar, de certeza.
O meu telemóvel toca. É o meu anjo da guarda, a minha mãe. Diz-me que ainda não jantaram e que me dá boleia, porque tem de ir buscar o meu irmão 'ao futebol'.

Adoro a minha mãe.