Criativity

terça-feira, dezembro 27, 2005

"Olhares estrangeiros"

Exposição
'Olhares estrangeiros' sobre meio século português


NAZARÉ. Fotografia de Edouard Boubat, de 1956, é uma das mais valiosas da colecção da CGD

Comissariada por Jorge Calado, a exposição tem 62 fotografias da colecção da Caixa Geral de Depósitos

Foi em 1956. O fotógrafo francês Edouard Boubat tinha acabado de chegar a Portugal, instalara-se no hotel na Nazaré e, enquanto a mulher Sophie descansava um pouco, decidiu dar um passeio até à praia "Tinha chegado havia apenas meia hora e aquele homem estava ali, com a sua criança, como se estivesse à minha espera. Só tinha a minha velha Leica comigo e tirei a minha primeira fotografia em Portugal." A imagem iria aparecer na capa do seu primeiro livro, publicado no Japão e intitulado Ode Marítima, numa referência a Pessoa.

Boubat junta-se a Cartier-Bresson, Cecil Beaton, Harry Callahan, Peter Fink, George Krause, Kees Scherer, Thurston Hopkins, Brett Weston e muitos mais na exposição Olhares estrangeiros, ontem inaugurada no Espaço Fidelidade Mundial Chiado 8 Arte Contemporânea, em Lisboa. Comissariada por Jorge Calado, a exposição mostra, pela primeira vez e até 31 de Janeiro, 62 fotografias da colecção da Caixa Geral de Depósitos (CGD) com o tema "Portugal visto por artistas estrangeiros".

A história desta colecção remonta a 1991. Ao organizar a exposição Regards Étrangers, apresentada na Bélgica no âmbito da Europalia, Jorge Calado apercebeu-se de que as fotografias sobre este tema existentes na Colecção Nacional de Fotografia não eram suficientes. Para viabilizar a exposição, a CGD propôs-se então adquirir um grupo de fotografias (26), integrando-as na sua colecção de arte contemporânea. Este ano a Fundação Gulbenkian propôs à CGD mostrar em Paris uma nova exposição de fotografia com este tema. Outra vez tendo Jorge Calado como comissário, foram adquiridas mais 36 fotografia e a exposição, que se realizou entre Maio e Julho, chamou-se Dedans-Dehors. A que agora se mostra é uma "nova versão" há mais quatro imagens de David Stephenson e há outra maneira de expor as fotografias, fazendo-as dialogar em vários sentidos - através do tema ou do autor, de semelhanças ou dissemelhanças formais. "Gosto muito de criar estas ligações, diferentes leituras que as pessoas podem ou não encontrar", explica o comissário. "Ponham-se duas fotografias ao lado uma da outra e começa a desenrolar-se uma história."

Apesar de se chamar Olhares estrangeiros, Calado atreveu-se a incluir quatro fotógrafos portugueses, que trabalharam ou viveram no estrangeiro Gérard Castello-Lopes, Paulo Nozolino, José Manuel Rodrigues e Alberto Carneiro. Há ainda o caso de Ricardo Rangel, português de Moçambique. "Há o retrato e há o auto-retrato", explica no catálogo que acompanha a exposição. "O fotógrafo estrangeiro fotografa, em geral, aquilo que não encontra no seu país; o nacional procura aproximar o seu país do que vê lá fora. O primeiro particulariza; o segundo universaliza."

As imagens mais antigas aqui apresentadas são de 1942, data da viagem do inglês Cecil Beaton a Lisboa. Instalou-se no Hotel Aviz, cruzando-se com Calouste Gulbenkian na sala de refeições, e, enquanto aguardava a autorização para fotografar Salazar (o que nunca chegou a acontecer), foi fotografando a cidade e as suas figuras - incluindo Marcelo Caetano, então comissário-geral da Mocidade Portuguesa. "Com o cabelo brilhantinado e um perfil à Fred Astaire, Beaton viu-o como um belo figurino art déco, em fino contraste com uma estátua barroca", conta Jorge Calado. Esta é, de facto, a diferença de um olhar estrangeiro.

in Diário de Notícias, 01.12.2005, Edição Papel, por Maria João Caetano

Vale mesmo a pena visitar. É um conjunto grande de muito boas fotografias de fotógrafos muito bons. Já fui ver duas vezes.

Exposição patente na Galeria Chiado 8 (em frente à Brasileira) até dia 31 de Janeiro de 2006.

Entrada livre.

3 Comments:

  • At 11:00 da tarde, Anonymous Anónimo said…

    :) como sempre o meu "conselheiro de arte" ahahah.parece-me bem.em princípio devo ir a lisboa depois de amanhã ver se ando no Elevador :D (o tal elevador...) e aproveito e dou um saltinho lá.Só lá fui uma vez e foi para ver a exposição do Gérard Castello-Lopes, gostei bastante.No dia 24 andei pela primeira vez de eléctrico por Lisboa, apanhei-o no chiado e fui até ao Castelo de S.Jorge, onde também nunca tinha ido.Gosto muito de Lisboa, é uma cidade bonita..especialmente quando está sol.Obrigado pela informação, como sempre uma óptima notícia.beijinhos Francisco**

    Marta Pombeiro

     
  • At 12:04 da tarde, Blogger Maria Carvalho said…

    Adoro fotografia. Agora o problema é mesmo tempo para visitar a exposição. A informação é, no entanto, preciosa. Obrigada pelos comentários que deixas nas minhas romãs, Francisco, que o ano de 2006 seja óptimo para ti. Até 31 ainda publico muitos mais poemas!! Beijinhos.

     
  • At 6:05 da tarde, Blogger Maria Carvalho said…

    Obrigada pelos primeiros comentários hoje no meu poema!! Adorei! Até 31 de Dezembro ainda coloco mais....depois começam as aulas isto vai complicar-se!! Beijinhos para ti, Francisco.

     

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