Criativity

quinta-feira, setembro 15, 2005

Presos no metro

Descemos as escadas da estação de metro da Avenida da Liberdade (Avenida), em Lisboa e comprámos o bilhete. Estávamos na linha azul e, para regressar a Cascais, tínhamos de ir até à estação Baixa-Chiado, mudar para a linha verde e sair no Cais do Sodré. Estávamos numa terça-feira, dia 13 de Setembro, por volta do meio-dia.
Entrámos no comboio e sentámo-nos despreocupadamente. Começámos a conversar, conversar, conversar... até que a certa altura, olho para frente e para trás e vejo que não estava mais ninguém dentro do comboio. Estávamos parados na estação Baixa-Chiado e as portas do comboio já estavam fechadas. De tão distraídos que estávamos a conversar, nem reparamos que o comboio tinha parado e que todas as outras pessoas tinham saído.
- Hum... Ana, acho que já devíamos ter saído - disse eu.
Levantámo-nos e vimos que não conseguíamos sair.
O comboio recomeçou a andar.
- E agora, para onde é que isto vai, Francisco??? - perguntou nervosa.
- Agora vamos para as garagens do metro... - respondi, tentando parecer calmo. Passaram-me mil e um pensamentos na cabeça em poucos segundos - Temos de ir falar com o maquinista.
Enquanto o comboio andava, dirigimo-nos à parte da frente da carruagem à frente da nossa e eu bati à porta. Ninguém respondeu. Bati outra vez. Nada.
- Francisco, insiste!!
Continuei a bater e nada. Diversas perguntas desagradáveis ocupavam-me a cabeça. Teria o maquinista saído na última estação? Estaria o comboio a ser arrumado através de comandos à distância? Quanto tempo ficaríamos ali fechados? Não disse nada disto à Ana, pois só a iria enervar mais, mas sabia que ela de certeza que estava a pensar no mesmo. Lembrei-me de uma cena do filme Vulcano, em que as pessoas ficam presas nos túneis do metro...
O comboio parou num estreito túnel e as portas do lado esquerdo abriram-se. Existia uma pequena passadeira de grade para onde desci. A Ana meteu um pé na passadeira, mas deixou o outro pé dentro do comboio, “não fossem as portas fecharem-se...”.
Fora do comboio olhei para a frente e só aí me apercebi de que não estávamos na primeira carruagem, estávamos a meio do comboio, ou seja, tinha estado a bater na porta errada. Passámos os dois para a carruagem da frente e caminhámos em direcção à porta do maquinista. Íamos a meio do caminho, quando o Maquinista abre a porta.
- Então e agora? - perguntou-nos divertido.
- A... desculpe, íamos distraídos... - respondi eu.
- Mas não podem ir distraídos - continuou ele, rindo-se.
- E agora, o que fazemos? - perguntou a Ana.
- Agora ficam aqui. O comboio já vai partir para o cais da Baixa-Chiado.
O Maquinista continuou a andar, saiu do comboio e desapareceu.
Sentámo-nos, aliviados e desatámo-nos a rir.
Passados poucos minutos, as portas fecharam-se e o comboio recomeçou a andar.
Quando estávamos a chegar à estação Baixa-Chiado, já o cais estava cheio de pessoas que esperavam pelo comboio onde estávamos. O comboio parou.
- Já viste as caras das pessoas que estão lá fora a olhar para nós? - perguntou a Ana divertida ao ver as caras de espanto das pessoas, enquanto as portas não se abriam.
Eu ri-me. Naquela altura, era a única coisa que eu conseguia fazer.
As portas abriram-se. Saímos. As pessoas entraram.
- Isto só a mim! Estas coisas só me acontecem a mim - disse eu.
- A ti e a mim! - disse a Ana.

9 Comments:

  • At 8:26 da tarde, Blogger francisco said…

    História verídica.
    Não foi inventada.

     
  • At 9:01 da tarde, Anonymous Anónimo said…

    Não é necessário dizeres que a história é verídica.Todas as pessoas que te conhecem sabem que é bem provável que isto te aconteça.Pois apesar do teu bom humor,ar de responsável que faz com que todas as pessoas não estejam preocupadas por onde andam porque tu és um bom "guia" .Mas a verdade é que tu acabas por te distrair muito com a tua conversa! No entanto, eu continuo a confiar em ti para me "guiares" e achar que és uma pessoa espetacular com grande sentido de humor e um pouco de distracção que te fica muito bem. Bjs

     
  • At 9:14 da tarde, Blogger Viajantis said…

    Pois, estou a ver que a companhia era tão boa que te fez "distrair"...
    Pois bem, gostei da forma como escreveste esta "peripécia"!
    Beijinhos do mano

     
  • At 10:46 da tarde, Blogger Maria Carvalho said…

    Muito bem escrita, está muito giro, uma peripécia que pode acontecer a qualquer um, sobretudo, exactamente, se a companhia for a ideal para se distrair...eheheheh. Muitos beijinhos, e muito obrigada pelos comentários calorosos que tens feito no meu blog.

     
  • At 11:11 da manhã, Anonymous Anónimo said…

    heys =)
    Ms ki ganda aventura ki ixo foi x)
    nem da pa acreditar =P
    so tu mm! xD
    fika bem ***
    **kisses** gandeeeeeees =)

     
  • At 1:34 da tarde, Blogger Maria Carvalho said…

    Tenho comentado todos os teus textos, tão bem escritos. Mas hoje, só venho aqui, para te dar os parabéns, e para comunicar a quem ler, que tu entraste em Arquitectura. O que eu acho fabuloso, e merecido!! Parabéns e muitos beijinhos

     
  • At 12:39 da tarde, Blogger Maria Carvalho said…

    Cá estou eu outra vez, tal como já tinha prometido...então não há um texto novo?? Da maneira tão bonita que comentaste no blog do teu irmão Gustavo, estás à espera de quê para colocares no teu espaço um outro texto?? Estamos todos à espera, não estamos?? Beijinhos

     
  • At 7:45 da tarde, Anonymous Anónimo said…

    ai k distraido franscico..tou a ver k continuas o msm!! =)agr da ana n esperava k fosse "na tua converssa" lo0l gostei mto d k vi no teu blog. beijinhus

     
  • At 10:00 da tarde, Anonymous Anónimo said…

    ganda historia Francisco.Gostei da forma como contas-te e como te divertiste

     

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